De Lousã até Piódão passando por Góis e Arganil

quarta-feira, 12 de maio de 2010 01:10 Publicada por Sara Santos
A Lousã é uma caixinha de surpresas tanto para os que preferem as emoções fortes do parapente, do cannyoning ou da BTT como para quem passeia tranquilamente de jipe pelas estradinhas sinuosas da serra homónima. As paisagens, feitas de floresta densa, vales profundos e declives rasgados por riachos e cascatas, são sublimes.
Ainda para mais guardam alguns tesouros únicos, tais como uma população crescente de corços e veados fáceis de avistar. Ao nível do património histórico e monumental são particularmente interessantes as aldeias de xisto, há algumas décadas abandonadas, e agora habitadas quer por nacionais quer por estrangeiros, em busca de um quotidiano mais sereno.
Casa da Ti’Lena, uma aconchegante casa de chá da aldeia do Talesnal. Piódão, uma das dez aldeias históricas de Portugal, com as suas casinhas de xisto equilibradas em cima de um monte Góis, em pleno Vale do Ceira, é o nosso próximo destino. Com mais de oito séculos de existência, possui, além das praias fluviais, uma interessante ponte manuelina e uma das mais belas igrejas quatrocentistas do país. Não se fique, no entanto, pelo perímetro urbano, pois este lugar onde o Ceira encontra as serras do Carvalhal e do Rabadão, merece exploração demorada. Suba até ao Penedo de Góis, a 1040 metros de altitude, acessível primeiro de jipe e depois a pé, e deixe-se fascinar pelo voo picado das aves de rapina e pelas vistas sobre as aldeias de pedra em redor.

Para o almoço tardio sugerimos o restaurante Gota d’Água, na estrada que vai para Secarias, junto à praia fluvial da Ronqueira, banhada pelo rio Alva. Os grelhados no carvão são a especialidade da casa, mas não faltam os tradicionais pratos de cabrito e a doce tigelada, servidos em doses generosas.
Atravessada a Serra da Lousã, durante a manhã, dirigimo-nos agora para a do Açor, igualmente rica em matas densas e linhas de água cristalinas. Um das mais belas áreas protegidas da região é a Mata da Margaraça. Propriedade dos bispos de Coimbra a partir do reinado de Afonso III, assim parece ter-se mantido até ao século XIX, época em que o regime liberal a considerou parte da fazenda nacional, incorporando-a no património público. Protege um outro tesouro: a bucólica cascata da Fraga da Pena, recanto de xisto e urze, que, adivinhamos, deverá refrescar “meia serra” no pico do Verão.

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